“- Ei, gata! Chega aí…”, disse um rapaz numa boate para a moça que passava em direção ao banheiro. Carolina apenas respondeu, dentro de todo o seu direito: “- Não dá, obrigada!”. Bastou isso para o rapaz dar-lhe uma bofetada que a fez cair no chão e bater com o rosto. Atordoada, levantou-se sem saber direito o que havia ocorrido. Tentou olhar se havia um segurança próximo, mas tampouco via mais o rapaz e nem lembrava da cara dele, estava escuro, nem da cor da roupa.
Carnaval em São Paulo, mas poderia ser em qualquer lugar. Moças passando em meio a um bloco, um rapaz muito grande aborda uma delas que tenta sair, ele a segura e tenta beijá-la à força insistentemente, puxa seu rosto, a moça constrangida, até que uma mulher, que observava a cena, como muitas pessoas no local, chama a moça e diz que passe pelo lado dela.
Ambas as histórias são reais. A primeira, aconteceu com a filha de uma amiga, e a segunda, minha prima contou, pois era a tal mulher que se sentiu indignada com a violência contra a moça.
Muitas pessoas devem achar que a culpa é das moças que, se não quisessem ter problema, ficassem em suas casas. ATÉ QUANDO TEREMOS DE OUVIR FRASES ABSURDAS DESSAS?! ATÉ QUANDO O DITADO “Amarrem suas cabritas que meus bodes estão soltos” CONTINUARÁ VALENDO?!
Vivemos uma cultura de estupro no Brasil cada dia mais grave. Meninas, moças e mulheres sofrem abusos de toda ordem, e não estou falando de estupradores do tipo perverso (Psicologia), não. Falo de meninos, adolescentes, jovens e homens que acham correto agir assim, ou seja, beijar à força, dar uma porrada numa moça que disse não, estuprar a garota que, por qualquer motivo, tenha desistido no meio do ato de sexual, dar uma surra na moça que traiu o namorado ou marido para que ela aprenda a não fazer isso, ou pior, quando acham que mulheres gays precisam é de um pênis punitivo, de um estupro, quiçá, pois seu “problema” é não saber o que é uma boa trepada com um homem, enfim.
Quer dizer que as meninas, moças e mulheres não podem negar a vontade de um macho? Não podem ser donas de seus corpos e vontade? Não podem pedir para parar a relação sexual porque não estão curtindo, apenas se desconcentraram (sabemos que sexo é uma atividade que exige um certo nível de concentração) ou está sendo muito ruim, mesmo? Se você começou tem de ir até o fim? Ou melhor, até o cara gozar? O que é isso? Há sempre um macho que dita o próprio gozo?
Precisamos de adultos que eduquem os meninos para que não ajam dessa forma, e uma lei que se cumpra seriamente quando se trata de violência contra a mulher. Certo dia li um post no Facebook no qual um homem jovem falava que é emergente se desenvolver uma outra forma de ser homem que não essa do abuso.
Dito isso, acabei meu texto de hoje.