Rafaela não tinha dinheiro para se vestir como gostaria ou achava que merecia. Mas nunca deixava de comprar. Vivia mudando de boutique, nunca repetia, pois sua mulherice não permitia: comprava, usava e devolvia. Antes, tirava foto e postava no Facebook, para que pensassem que ela era uma mulher muito estilosa e que não repetia roupa. Depois de comprar ia para casa e logo arrumava um lugar para se mostrar, nem que fosse à padaria! Estava sempre bonita e lamentava não poder ir ao salão fazer o cabelo e “devolver”.
Sua ação é planejada, não é algo assim solto, de ímpeto. Para cada loja ela pensa uma história que divide com vendedora, fala do namorado (que nem tem), que vai não sei aonde… Experimenta umas 5 roupas, no mínimo. Escolhe, paga no cartão, e vai.
Aí usa a roupa uma única vez e, no dia seguinte, volta à loja para pedir devolução do dinheiro. Diz que a roupa não ficou boa, que apertou quando vestiu em casa, que o namorado não gostou, enfim. Como sai com a etiqueta já pagou mico, porque sabe como é etiqueta, parece ter vida própria, de gente má! Você está lá, crente que está abafando e ela aparece sorrateira, e sempre aos olhos de uma pessoa também meio cruel (“Ei! Sua etiqueta tá de fora!”, gritam. E quando arrancam-na? Aí ela fica na rasca, porque tem de inventar uma super história na hora de devolver).
Sua mulherice é essa: comprar roupa cara e bonita, usar sem tirar a etiqueta e depois devolver, e ainda desdenhando (“Essa roupa, em casa vi que ficou horrorosa! não sei onde tava com a cabeça”).
(Imagem: blog.modaeuropa.com.br )